domingo, 28 de fevereiro de 2010


Ingenuamente, alguns estudantes de Introdução à Filosofia falam de
Descartes como um pensador ateu, quando se restringem à declaração
fundamentalista do “penso, logo, existo” sem ter conhecimento
do encadeamento lógico do seu pensamento, assim como é costume,
no senso comum, fazer-se uma associação entre filosofia e ateísmo ou,
num sentido inverso, estabelecer uma incompatibilidade entre Filosofia e Teologia, Ciência e Religião e Fé e Razão. Por isso, dissipando essas
ingenuidades, o estudo cartesiano quer revelar que a obra de sua filosofia traz
o conceito de natureza misturado aos conceitos de Deus e de Homem.
Pois, ao buscar as idéias claras e distintas, ele deseja captar as verdades
eternas do Ser, que implica o projeto de pensar Deus, a Natureza
e o Homem.
René Descartes (1596-1690) filósofo, físico, matemático
é o criador do conhecimento fragmentado. Mas como pode ser inferido,
de forma geral, tal pensamento, se o Filósofo visava a abarcar
tudo o que a res cogitans pudesse intuir e chegar às idéias claras e
distintas a partir da percepção das verdades eternas na res extensa? É
certo que a única substância privada, não extensa e indivisível, é o
pensamento, e, se este incide sobre a matéria, que é pública, extensa e
divisível, ele pode fragmentar, analisar, enumerar e sintetizar toda sorte
de corpo a fim de ter a compreensão de sua natureza. Esse método
analítico usado por Descartes fora herdado dos filósofos geômetras
gregos e visa, preferencialmente, a ser o caminho perfeito para a pesquisa
científica – a sua física filosófico-teológico-experimental demonstra
ser o elemento fundamental do seu sistema. Por isso, a resposta à
pergunta consiste na existência da res infinita. Pois o Deus cartesiano
é o postulado para a unificação do saber humano.